gazeta de 20 de fevereiro de 2005 Por: Marcelo Pereira

Um robô que enxerga objetos e reconheça pessoas tão semelhantes quanto um ser humano. Delírio de ficção científica? Muito pelo contrário. A idéia já deu seus primeiros passos e segue firme e forte no Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD), do Departamento de Informática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

A equipe, liderada pelo professor Alberto Ferreira, aprimora tecnologias que colocarão em funcionamento, até o fim de 2005, um robô-empilhadeira com as características.

“Ele terá capacidade de criar uma imagem interna a partir do que está a sua volta, semelhante ao processo que o cérebro executa quando interpreta o mundo por meio da visão”, resume Ferreira. Assim, o robô poderá diferenciar tamanhos, distâncias, desviar de obstáculos em seu caminho.

Se para um ser humano tal atividade é instantânea, o mesmo não se pode dizer de uma máquina. Robôs em atividade só executam ordens dentro de um determinado padrão. Eles se limitam a movimentos repetitivos. Se algo mudar em seu ritmo ou nas suas condições de trabalho, ele não funciona mais. É justamente um aprimoramento do “cérebro” dessas máquinas que o cientista e sua equipe buscam.

Ver e reconhecer. O modelo de pesquisa não poderia ser outro: o cérebro humano. Há mais de 10 anos, eles estudam as características biológicas do órgão e tentam adaptá-las e reproduzi-las para o universo das máquinas. Atualmente, o pequeno robô está na fase final de navegação.

Depois disso, ele será capaz de se deslocar de um ponto a outro, evitando eventuais obstáculos. Em seguida, será capaz de interagir com o ambiente onde está exposto. Resumindo, executando ordens. A fase que mais chama a atenção é a de identificação de faces.

O pequeno operário poderá se lembrar da imagem de seus futuros “patrões”. “Esse tipo de recurso poderá ser repassado a aparelhos de segurança. Imagine uma casa com portas inteligentes, que só deixe entrar quem ela reconheça”, sugere o professor. O projeto do robô já despertou interesse da Samarco e Aracruz.